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Predators (2010)

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Chovem literalmente homens. Predators não vai ser pera doce e que o diga a ausência de créditos iniciais, que não pagamos para ler nomes. Uma placa diz “Predators” por meia dúzia de milisegundos e depois toca a marchar que a bicharada não dá descanso a ninguém. A confusão de corpos celestes a pairar sobre a atmosfera não engana. Daqui ninguém escapa. Não fosse a ausência de carnificina e um trio de predadores gay, estariamos perante um dos melhores filmes do ano.

Ficou bastante claro que em 1987 que, apesar de Schwarzenegger ser a sensação do momento, o predador que arrancava cabeças apenas com uma mão (com a coluna vertebral agarrada) e estropiava gente como ninguém ousara antes era a verdadeira estrela desse verão. O predador não era apenas um extra terrestre de incrível poder destrutivo, era também uma mistura de rockstar com talhante. Era o animal de estimação que gostaríamos de ter, para brincar aos sábados de manhã, levar para a escola e atirar para dentro do autocarro em hora de ponta quando não houvesse comida em casa.

Predators começou por ser um rumor de remake. Fiquei possesso, fulo. Depois ouvi falar de Robert Rodriguez e tive um downgrade para irritado e levemente assustado. Nunca mais ouvi falar dele e até o perdi no cinema. Vejo-o agora pela primeira vez e comprovo que não se trata de remake, reboot, spoof ou spinoff, é apenas mais um filme do universo Predator que descarta completamente as abomináveis vomitâncias chamadas “Alien Vs Predator”.

Passado num planeta distante, uma reserva de caça para predadores, é um filme que não perde tempo com introduções. O elenco, uma amostra dos piores assassinos do planeta foge ao estereotipo, que neste caso seriam os durões a dar-lhe para o wrestling do Predator original. Uma rapariga como parte do duo principal, Adrien Brody claramente fora de água é (no mínimo) bizarro. Depois os habituais musculados, o Machete himself (que morre logo, gaita!), etc. Objectivo? Morrer um a um até ficar apenas um casal, sem surpresas.

O ritmo narrativo obedece ao compasso do Slasher Movie com alguns tropeções em sci-fi. Não é propriamente aquilo que estaria à espera e censuro veementemente a falta de sangue e tripas. É admirável a coragem dos criadores de Predators de terem cedido ao facilitismo do CGI e ao fogo de artifício, mas estas caracteristicas saudáveis não souberam ser acompanhados por um argumento coerente com estes principios. Uma breve e completamente desconexa aparição de Laurence Fishburne cheira a martelada para inserir rapidamente meia dúzia de conceitos. Um artificio desonesto.

De notar que há duas raças de predadores, o predador original que apareceu a Schwarzenegger em 1987 e um predador modificado, alterado, kitado. Maior, mais negro e supostamente mais mortífero e hostil. Digo supostamente porque na hora da verdade acabam por se revelar um bocado copinhos de leite em combate, seja por levarem porrada de um japonês de 45Kg com metade dos dedos ou por não preverem que o “bip bip” de um cacofónico detonador de granada possa indiciar más notícias. Como aqueles ingleses boiolas que vão às raposas com cinquenta mil cães, um barril de chá de tilia e relaxante muscular para o rabo e quando a raposa aparece gritam “Ai que horror, raposas! Sujas, ainda por cima…

Eu queria mesmo ter gostado deste filme, mas para um filme da saga Predator falta-lhe um feeling mais… Predator. Saiu diluido e com um futuro pouco glorioso nas noites televisivas de inverno e nos sites de leilões a 0,99 euros com portes de envio grátis. Mas se este for o início de uma bela amizade, prefiro ver este caminho a ser seguido do que o intragável franchise do Alien Vs Predator que, apesar de ser um conceito fabuloso em projecto, acabou por ser revelar a Floribella da ficção científica.


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